Maria Lacerda de Moura

Maria Lacerda de Moura
Maria Lacerda de Moura
Nascimento 16 de maio de 1887
Manhuaçu, Província de Minas Gerais, Império do Brasil
Morte 20 de março de 1945 (57 anos)
Rio de Janeiro, DF
Ocupação educadora e escritora
Escola/tradição anarquismo individualista, feminismo, pacifismo
Religião espiritismo

Maria Lacerda de Moura (Manhuaçu, 16 de maio de 1887Rio de Janeiro, 20 de março de 1945) foi uma professora, escritora, anarquista e feminista brasileira. Filha de pais espíritas e anticlericais, cresceu na cidade de Barbacena, no interior de Minas Gerais, onde formou-se professora pela Escola Normal Municipal de Barbacena e participou dos esforços oficiais para enfrentar a questão social através de campanhas nacionais de alfabetização e reformas educacionais.

Começou a publicar crônicas em um jornal local em 1912 e em 1918 publicou seu primeiro livro, Em torno da educação, constituído de crônicas e conferências que realizou em Barbacena sobre o tema. A partir daí, estabeleceu contatos com jornalistas e escritores de Belo Horizonte, São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Nesse período, conheceu José Oiticica e teve contato com as ideias pedagógicas renovadoras da médica feminista Maria Montessori e dos pedagogos anarquistas Paul Robin, Sebastien Faure e Francisco Ferrer y Guardia. Mudou-se para São Paulo em 1921, aos 34 anos, e lá teve seus contatos com o movimento associativo feminino e o movimento operário da época. Chegou a colaborar com a feminista Bertha Lutz e presidiu a Federação Internacional Feminina. Em 1922, rompeu com os movimentos associativos feministas, fundamentalmente preocupados com o sufrágio feminino, pois entendia que a luta pelo direito de voto respondia a uma parcela muito limitada das necessidades femininas. Colaborou assiduamente com a imprensa operária e progressista de São Paulo e em 1923 lançou a revista Renascença.

Entre 1928 e 1937, viveu em uma comunidade agrícola em Guararema, no interior de São Paulo, formada por anarquistas individualistas e desertores espanhóis, franceses e italianos da Primeira Guerra Mundial. Foi o período de sua vida em que mais produziu e atuou, colaborando semanalmente no jornal O Combate de São Paulo, onde estabeleceu a polêmica de maior repercussão com a imprensa fascista local; pronunciou as conferências no Uruguai e na Argentina, a convite de instituições educacionais antifascistas; teve o encontro com Luiz Carlos Prestes, exilado em Buenos Aires; fez conferências pacifistas e desencadeou a campanha antifascista em São Paulo, Santos, Campinas e Sorocaba. A comunidade de Guararema foi desarticulada com repressão política durante o Estado Novo. Em 1938, Maria Lacerda mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Rádio Mayrink Veiga lendo horóscopos. Faleceu em 20 de março de 1945.

Considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil, tratou em sua obra de temas como a condição feminina, amor livre, direito ao prazer sexual, divórcio, maternidade consciente, prostituição, combate ao clericalismo, ao fascismo e ao militarismo, e estabeleceu uma articulação entre o problema da emancipação feminina e a luta pela emancipação do indivíduo no capitalismo industrial. Suas posições, bastante avançadas para a época, compartilham muitos aspectos similares àquelas das feministas da década de 1960.


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